domingo, 30 de setembro de 2012


A INFLUÊNCIA DE OUTROS PAÍSES NO DESENVOLVIMENTO DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
A Informática na Educação no Brasil nasce a partir do interesse de educadores de algumas universidades brasileiras motivados pelo que já vinha acontecendo em outros países como nos Estados Unidos da América e na França. As mudanças pedagógicas são sempre apresentadas ao nível do desejo, daquilo que se espera como fruto da informática na educação. 

Informática na educação nos Estados Unidos da América
Nos Estados Unidos, o uso de computadores na educação é completamente descentralizado e independente das decisões governamentais. O uso do computador nas escolas é pressionado pelo desenvolvimento tecnológico e pela competição estabelecida pelo livre mercado das empresas que produzem software, das universidades e das escolas. O início da Informática na Educação nos Estados Unidos, no princípio dos anos 70, não foi muito diferente do que aconteceu no Brasil. As dificuldades da disseminação do CAI eram de ordem técnica (do tipo como armazenar e distribuir a instrução) e de produção do material instrucional. Embora essa polêmica devesse ser o foco da discussão da conferência, como disse o organizador do documento (Seidel, 1977), os participantes estavam mais interessados em apresentar seus produtos do que em discutir os propósitos da educação.
Nunca ficou resolvido se a informática na educação deveria continuar na direção do uso dos CAIs implementados em sistemas de grande porte ou se deveria ser enfatizado o desenvolvimento de sistemas computacionais que facilitassem uma reforma total do processo educacional. Entretanto, as dificuldades técnicas provenientes do fato de os computadores serem de grande porte foi eliminada com o aparecimento dos microcomputadores no início dos anos 80.
O aparecimento dos microcomputadores, principalmente o Apple, no início dos anos 80 permitiu uma grande disseminação dos microcomputadores nas escolas. Isso aconteceu durante os primeiros três anos após a comercialização dos microcomputadores!
Entretanto, a presença dos microcomputadores permitiu também a divulgação de novas modalidades de uso do computador na educação como ferramenta no auxílio de resolução de problemas, na produção de textos, manipulação de banco de dados e controle de processos em tempo real. No período de 1983 até 1987 aconteceu uma verdadeira explosão no número de experiências, na produção de material de apoio, livros, publicações e conferências sobre o uso do Logo. O Logo ficou conhecido pelo fato de ter prometido muito e fornecido muito pouco como retorno.Hoje sabemos que o papel do professor no ambiente Logo é fundamental, que o preparo do professor não é trivial não acontecendo do dia para a noite (Valente, 1996).
A proliferação dos microcomputadores, no início da década de 90, permitiu o uso do computador em todos nos níveis da educação americana. Os resultados desse tipo de uso têm sido questionados em termos do custo e dos benefícios educacionais alcançados (Johnson, 1996). Desde os anos 60 as universidades dispõem de muitas experiências sobre o uso do computador na educação. Mesmo assim, previa-se que a disseminação da tecnologia de maneira rotineira nos cursos de graduação ocorreria somente por volta do início do ano 2000 (Ahl, 1977).

Informática na educação na França
A marca da cultura francesa sobre nossa terras e sobre nossas mentes é bastante conhecida. Na questão da Informática na Educação, a França foi o primeiro país ocidental que programou-se como nação para enfrentar e vencer o desafio da informática na educação e servir de modelo para o mundo. A perda da hegemonia cultural (e conseqüentemente da hegemonia econômica) para os Estados Unidos e o ingresso da França no Mercado Comum Europeu levou os políticos franceses a buscarem essa hegemonia através do domínio da essência da produção, transporte e manipulação das informações encontradas na informática.
No caso da informática na educação a batalha se deu tanto na produção do hardware e do software quanto na formação das novas gerações para o domínio e produção de tal tecnologia. A implantação da informática na educação foi planejada em termos de público alvo, materiais, software, meios de distribuição, instalação e manutenção do equipamento nas escolas. Este tipo de software era adequado às características rígidas dos equipamentos disponíveis. Somente no início dos anos 80 começou a disseminar-se na França a linguagem de programação e metodologia Logo com fins educacionais, opondo-se frontalmente às bases conceituais do EAO.
No terceiro plano nacional, Informatique pour Tous (1985), houve maior proliferação da informática no âmbito das instituições escolares. Os objetivos continuavam sendo a aquisição do domínio técnico do uso do software e a integração de ferramentas computacionais ao processo pedagógico. É importante notar que o programa de informática na educação da França não tinha como objetivo uma mudança pedagógica, mas sim a preparação do aluno para ser capaz de usar a tecnologia da informática.
Esses avanços pedagógicos se deram por causa da introdução da informática na escola. Essa causas formam um todo indicativo da gestação longa e difícil do novo. A formação em informática propriamente pedagógica iniciou-se a partir do Plano Informática para Todos (1985). No âmbito da educação existe um projeto nacional para colocar em rede os liceus, colégios e escolas apoiado na tecnologia Internet e na infra-estrutura da rede Renater. O uso das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação impõe mudanças nos métodos de trabalho dos professores, gerando modificações no funcionamento das instituições e no sistema educativo.

AS BASES PARA A INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO NO BRASIL
No Brasil, como em outros países, o uso do computador na educação teve início com algumas experiências em universidades, no princípio da década de 70 (ver artigo da Maria Cândida de Moraes). Na UNICAMP, em 1974, foi desenvolvido um software, tipo CAI, para o ensino dos fundamentos de programação da linguagem BASIC, usado com os alunos de pós-graduação em Educação, produzido pelo Instituto de Matemática, Estatística e Ciência da Computação, coordenado pelo Prof. Ubiratan D'Ambrósio e financiado pela Organização dos Estados Americanos. No caso da Informática na Educação as decisões e as propostas nunca foram totalmente centralizadas no MEC. A segunda diferença entre o programa brasileiro e o da França e dos Estados Unidos é a questão da fundamentação das políticas e propostas pedagógicas da informática na educação. Os professores das escolas deveriam ser os responsáveis pelo desenvolvimento do projeto na escola, e esse trabalho deveria ter o suporte e o acompanhamento do grupo de pesquisa da universidade, formado por pedagogos, psicólogos, sociólogos e cientistas da computação. Nesse aspecto o programa brasileiro de informática na educação é bastante peculiar e diferente do que foi proposto em outros países. Todos os centros de pesquisa do projeto EDUCOM atuaram na perspectiva de criar ambientes educacionais usando o computador como recurso facilitador do processo de aprendizagem. O grande desafio era a mudança da abordagem educacional: transformar uma educação centrada no ensino, na transmissão da informação, para uma educação em que o aluno pudesse realizar atividades através do computador e, assim, aprender. A formação dos pesquisadores dos centros, os cursos de formação ministrados e mesmo os software educativos desenvolvidos por alguns centros eram elaborados tendo em mente a possibilidade desse tipo de mudança pedagógica.
Os trabalhos realizados nos centros do EDUCOM tiveram o mérito de elevar a informática na educação do estado zero para o estado atual, possibilitando-nos entender e discutir as grandes questões da área. É necessário repensar a questão da dimensão do espaço e do tempo da escola. O papel do professor deixa de ser o de "entregador" de informação para ser o de facilitador do processo de aprendizagem. Nas escolas particulares o investimento na formação do professor ainda não é uma realidade. Nessas escolas a informática está sendo implantada nos mesmos moldes do sistema educacional dos Estados Unidos no qual o computador é usado para minimizar o analfabetismo computacional dos alunos ou automatizar os processos de transmissão da informação.

FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO
A formação de professores do 1º e 2º graus para usarem a informática na educação recebeu uma atenção especial de todos os centros de pesquisa do EDUCOM. Essa formação tem sido feita através de cursos que requerem a presença continuada do professor em formação. Além das dificuldades operacionais que a remoção do professor da sala de aula causa, os cursos de formação realizados em locais distintos daquele do dia-a-dia do professor, acarretam ainda outras. Primeiro, esses cursos são descontextualizados da realidade do professor. O conteúdo dos cursos de formação e as atividades desenvolvidas são propostas independentemente da situação física e pedagógica daquela em que o professor vive. O FORMAR teve como objetivo principal o desenvolvimento de cursos de especialização na área de informática na educação. Em cada um dos cursos participaram 50 professores, vindos de praticamente todos os estados do Brasil. Esses profissionais, em grande parte, são os responsáveis pela disseminação e a formação de novos profissionais na área de informática na educação. Em segundo lugar, o curso propiciou uma visão ampla sobre os diferentes aspectos envolvidos na informática na educação, tanto do ponto de vista computacional quanto pedagógico. Terceiro, o fato de o curso ter sido ministrado por especialistas da área de, praticamente, todos os centros do Brasil, propiciou o conhecimento dos múltiplos e variados tipos de pesquisa e de trabalho que estavam sendo realizados em informática na educação no país.
Primeiro, o curso foi realizado em local distante do local de trabalho e de residência dos participantes. Os participantes do curso nunca tiveram a chance de vivenciar o uso dos conhecimentos e técnicas adquiridas e receber orientação quanto à sua performance de educador no ambiente de aprendizado baseado na informática.
Resultado: não alcançamos as mudanças e ainda contribuímos para o fracasso dos cursos de formação de professores!
Não obstante suas dificuldades, certos aspectos do Projeto FORMAR, principalmente conteúdo e metodologia, passaram a ser usados como base para outros cursos de formação na área de informática na educação. Primeiro, a implantação da informática na escola envolve muito mais do que prover o professor com conhecimento sobre computadores ou metodologias de como usar o computador na sua respectiva disciplina. Por exemplo, dificuldades de ordem administrativa sobre como viabilizar a presença dos professores nas diferentes atividades do curso ou problemas de ordem pedagógica: escolher um assunto do currículo para ser desenvolvido com ou sem o auxílio do computador.

EVOLUÇÃO DO COMPUTADOR NO BRASIL E AS IMPLICAÇÕES NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Nos Estados Unidos o Apple foi o microcomputador disseminado nas escolas. No Brasil, embora existissem mais de 40 diferentes fabricantes de computadores do tipo Apple e muito software e hardware disponível, ele não foi adotado como o computador da educação. Com todas as facilidades e dificuldades do MSX, ele foi adotado como o computador para a educação. A simplicidade do MSX e o fato de não dispor de muitas alternativas do ponto de vista de software, reduziu a questão do uso do computador na educação em termos de dois pólos: o uso do Logo ou de software educacionais como jogos, tutoriais, etc.. Por exemplo, no caso do Logo era só ligar o MSX que a Tartaruga aparecia na tela. Não era preciso enveredar por atalhos como sistemas operacionais, diferentes hardware, etc. e o professor podia se concentrar nas questões pedagógicas do uso do computador na educação. Surgiram também outras modalidades de uso do computador na educação como uso de multimídia, de sistemas de autorias para construção de multimídia e de redes. A questão educacional atualmente não pode ser dicotomizada em dois pólos, como na era do MSX.
O programa é a descrição da resolução do problema na linguagem de programação. Sem esses conhecimentos é muito difícil o professor saber integrar e saber tirar proveito do computador no desenvolvimento dos conteúdos. Por exemplo, através da ligação desses computadores na rede Internet o professor na escola pode estar em permanente contato com os centros de formação. Através desse contato os professores e os pesquisadores dos centros de informática na educação podem interagir e trocar idéias, responder dúvidas, participar de debates via rede, receber e enviar reflexões sobre o andamento do trabalho. Esse contato poderá contribuir tanto para a formação do professor quanto para auxiliá-lo na resolução das dificuldades que encontra na implantação da informática nas atividades de sala de aula. Mesmo os cursos de formação poderão explorar as facilidades da rede para minimizar os efeitos da retirada do professor do seu contexto de trabalho desenvolvendo cursos que combinem parte presencial e parte via rede, como está sendo atualmente feito em diversas experiências de formação realizadas pelo NIED.
Na verdade, a introdução da informática na educação segundo a proposta de mudança pedagógica, como consta no programa brasileiro, exige uma formação bastante ampla e profunda do professor. Os avanços tecnológicos têm desequilibrado e atropelado o processo de formação fazendo com que o professor sinta-se eternamente no estado de "principiante" em relação ao uso do computador na educação.


Fechamento 2

Fechamento 2

HISTÓRIA DA TECNOLOGIA EDUCACIONAL
   Ao tratarmos de novas abordagens de comunicação na escola, mediadas pelas novas
tecnologias da informação, estamos tratando de Tecnologia Educacional.
Uma das principais referências nesta área é o trabalho de Larry Cuban , professor de
educação da Stanford University, intitulado   Professores e Máquinas: O Uso da
Tecnologia na Sala de Aula desde 1920. Cuban estudou a introdução do rádio, filme, TV
e computador em escolas norte-americanas, abrangendo a literatura desde o início
deste século até meados da década de oitenta. 13
Novas Tecnologias na Sala de Aula: Melhoria do Ensino ou Inovação Conservadora?
Sua principal conclusão é que o uso de artefatos tecnológicos na escola tem sido uma
história de insucessos, caracterizada por um ciclo de quatro ou cinco fases, que se inicia
com pesquisas mostrando as vantagens educacionais do seu uso, complementadas por
um discurso dos proponentes salientando a obsolescência da escola. Em cada ciclo, uma nova seqüência de estudos aponta
prováveis causas do pouco sucesso da inovação, tais como falta de recursos, resistência
dos professores, burocracia institucional, equipamentos inadequados.
Cuban nos mostra coisas interessantes, como o trecho de um discurso de Thomas
Edison (inventor do telégrafo, do gramofone e da lâmpada elétrica), prevendo, em 1913,
que os livros didáticos se tornariam obsoletos nas escolas e que, usando filmes, seria
possível instruir sobre qualquer ramo do conhecimento humano. Vejo as novas
tecnologias como mais um dos elementos  que podem contribuir para melhoria de
algumas atividades nas nossas salas de aula. Por outro lado, também não adoto o
discurso dos defensores da nova tecnologia educacional, que mostram as mazelas da
escolas (algo muito fácil de se fazer), deixando implícito que nossos professores são
dinossauros avessos a mudanças.
No início dos anos oitenta iniciaram-se as primeiras políticas públicas em informática na
educação, no contexto mais amplo da reserva de mercado para informática.
Foram bolsistas de pesquisa que hoje em boa parte são pesquisadores nos vários
campos da educação, com trabalhos em Informática Na educação.
Na época, a contradição entre tecnologia de ponta e escolas precárias era mais evidente,
uma vez que os computadores eram máquinas mais caras e não estavam tão
                                              

  Professora de Sociologia da Ciência do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, MIT, onde
também trabalha Seymour Papert, autor da linguagem LOGO.15
Novas Tecnologias na Sala de Aula: Melhoria do Ensino ou Inovação Conservadora?
disseminados na sociedade como hoje. Aprendemos que a expectativa de
administradores, professores, alunos e pais era que se ensinasse informática na escola,
não no sentido de uso pedagógico de computadores,[vi] [vii]  nos levando a explorar a
introdução da informática na escola como uma mistura de Informática Na educação e de
preparação para o trabalho, tentando usos pedagógicos das ferramentas de software
utilizadas fora da escola. Com o término do EDUCOM, foi
lançado um programa de Centros de Informática Na educação nos estados, CIEDs ,
considerado um sucesso por alguns, mas que na realidade praticamente não afetou as salas de aula na grande maioria do país. 
INOVAÇÃO CONSERVADORA
  O fato de se treinar professores em cursos intensivos e de se colocar equipamentos nas
escolas não significa que as novas tecnologias serão usadas para melhoria da qualidade
do ensino. São aplicações da tecnologia que não exploram os recursos únicos
da ferramenta e não mexem qualitativamente com a rotina da escola, do professor ou do
aluno, aparentando mudanças substantivas, quando na realidade apenas mudam-se
aparências.
A história da tecnologia educacional contém muitos exemplos de inovação conservadora,
de ênfase no meio e não no conteúdo. Devido ao efeito dramático, sedutor, da mídia, em
certos casos a atenção era concentrada na aparência da aula, tomando-se como algo
“dado” o conteúdo veiculado, seja na sala de aula por transparências ou filmes, ou pela
difusão ampla de conteúdos, através da TV, do rádio ou mesmo de livros textos cheios
de figuras, cores, desenhos, fotos. A inatividade (física e
mental) do aprendiz é reforçada pelo ambiente da sala, geralmente à meia luz e com ar
condicionado. Como veremos mais adiante, tais tecnologias amplificam a capacidade
expositiva do professor, reduzindo a posição relativa do aluno ou aluna na situação de
aprendizagem.
Além do computador propriamente dito, outros artefatos de ensino vem sendo criados
com a tecnologia da informática. Em uma de minhas aulas, um aluno-professor fez uma
observação sobre um quadro de pincel que produz na tela do computador do aluno
aquilo que for escrito pelo professor. Podem ser usados quando se deseje que o 17
Novas Tecnologias na Sala de Aula: Melhoria do Ensino ou Inovação Conservadora?
aluno não se distraia copiando detalhes, pedindo-se logo depois que ele ou ela trabalhe
com o material impresso copiado do quadro eletrônico. Os alunos também cansam-se facilmente após o efeito da
novidade. Como ocorre em outras áreas da atividade humana, professores e
alunos precisam aprender a tirar vantagens de tais artefatos.
Embora devamos perseguir o ideal de uma aprendizagem estimulante e auto motivadora 
-  em salas de aulas ricas em recursos e com respeito à individualidade e espontaneidade
do aprendiz  -  sabemos que além do prazer da descoberta e da criação, é necessário
disciplina, persistência, suor, tolerância à frustração, aspectos do cotidiano do aprender
e do educar que não serão eliminados por computadores.
UMA CONCEPÇÃO FENOMENOLÓGICA DA
TECNOLOGIA EDUCACIONAL
Desde minhas primeiras incursões pela literatura sobre as tecnologias da informação e
da comunicação, aplicadas ou não à educação, tenho tido a impressão de caminhar
sobre um grande mosaico de pedras desconexas, de formas e tamanhos diversos. 21
Novas Tecnologias na Sala de Aula: Melhoria do Ensino ou Inovação Conservadora?
Na tentativa de dar coerência ao todo, fui encontrar na Filosofia (como não poderia
deixar de ser), um dos enfoques amplos que podem servir como ponto de partida.
A Fenomenologia tenta abordar os objetos do conhecimento tais como aparecem, isto é,
tais como “se apresentam” à consciência de quem procura conhecê-los, tentando deixar
de lado toda e qualquer pressuposição sobre a natureza desses objetos , Um dos primeiros passos neste sentido é tentar rever a experiência psicológica do óbvio, do cotidiano, cujo conhecimento é embotado pela
familiaridade. Através do instrumento há uma  seleção de
determinados aspectos da realidade, com ampliações e reduções.
Uma das conclusões de uma primeira análise fenomenológica superficial é que a
tecnologia não é neutra, no sentido de que seu uso proporciona novos conhecimentos
do objeto, transformando, pela mediação, a experiência intelectual e afetiva do ser
humano, individualmente ou em coletividade; possibilitando interferir, manipular, agir
mental e ou fisicamente, sob novas formas, pelo acesso a aspectos até então
desconhecidos do objeto.
Dependendo do objeto, do sujeito (mais ou menos crítico), de sua história e da situação
especifica, pode-se considerar as novas características ampliadas do objeto como mais
reais do que aquelas conhecidas sem a ajuda de instrumentos.
Neste sentido, as realidades possibilitadas pelas novas tecnologias da informação
podem ser alienantes, como nos relatos dos viciados em computadores. Que aspectos do objeto  texto podem ser selecionados,
ampliados, reduzidos através do instrumento? O texto em papel (em átomos, como diz
                                            
  Filosofias da práxis, de modo amplo, são aquelas que de algum modo consideram uma teoria de
ação como elemento primário, precedendo ou fundamentando uma teoria do conhecimento
(Ihde, 1979).
Além de ampliar os sentidos, condicionando a experiência da realidade, as tecnologias
da informática, amplificam aspectos da capacidade de ação intelectual. Em ambos os casos, fracassos e sucessos são faces da mesma
moeda, com demonstra a história da produção humana de conhecimento e
especificamente as histórias de sucesso em Informática Na educação.


quarta-feira, 18 de abril de 2012

A tecnologia e a sala de aula


Sala de recursos audiovisuais – o que fazer quando não há na escola?

Ultimamente, há muitos discursos sobre a importância de se utilizar recursos audiovisuais em sala de aula, pois os alunos estão em busca da internet, do vídeo-game, do DVD, dos jogos em rede quando estão de fora da mesma. Logo, as crianças e jovens estão habituados em um contexto em que a tecnologia computadorizada está em voga e o professor que não se adaptar, ficará para trás. A conseqüência disso pode ser uma sala desmotivada e indisciplinada.

Contudo, devemos nos ater à tecnologia digital como uma estratégia pedagógica adicional e, portanto, não é necessário que esteja em todas as aulas.

Mas o que fazer quando a escola não tem recursos tecnológicos para serem utilizados?

Neste caso, o professor não pode desanimar ou acomodar com aulas apenas de giz e quadro, a não ser que a escola exija. Há outras maneiras de introduzir as linguagens da mídia em sala, basta o educador improvisar e ser criativo.

O professor pode mandar pesquisas para casa sobre a linguagem verbal e não-verbal (gestos dos apresentadores ao passar uma notícia) no telejornal e depois trabalhar a persuasão; trabalhar com as propagandas da mídia e linguagem persuasiva e o uso do imperativo através de jornais impressos e revistas; desenvolver um trabalho com o uso de fotografias do passado e futuro nas aulas de História ou para ensinar os tempos verbais; usufruir dos canais de notícias da rádio para trabalhar a linguagem e montar com os alunos sua própria rádio; propor aos alunos desenvolver o jornal da escola ou da sala; orientar uma pesquisa pela internet com sites educativos e direcionados pelo próprio professor, dentre outros.

O que não pode ocorrer é o professor ignorar o fato de a tecnologia digital fazer parte do dia-a-dia do aluno e cobrar do pupilo interesse pelas aulas. Os recursos tecnológicos são armas fundamentais para tornar as aulas mais instigantes e apreciadas.
Por Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola

 http://educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/a-tecnologia-sala-aula.htm

Ensinar com ajuda da tecnologia

Como recurso didático ou simplesmente para facilitar o trabalho do professor, elas não podem mais ser ignoradas


É preocupante a desatenção de muitas escolas e redes de ensino com a necessidade de modernização dos recursos para educar. Muitos professores acabam buscando isso por conta própria, como é o caso de Luciana, jovem professora da Região Sul, leitora de NOVA ESCOLA. Inconformada com os cadernos de chamada e de diários repetidamente preenchidos a mão, ela usa computador e impressora para simplificar a tarefa. Além de assim realizar afazeres administrativos, ela leva para a classe alguns materiais mais atualizados disponíveis na internet, mas não em sua escola.

Há alguns anos, insistir nessa modernização seria uma fantasia, em face de custos inaceitáveis dos equipamentos e carências tão mais graves. Mas os tempos e os preços mudaram e não se justifica continuar a sobrecarregar quem ensina com a manutenção de práticas anacrônicas, que já estão sendo substituídas até mesmo na loja da esquina. Se é possível facilitar a vida de alfabetizadoras com um par de turmas, que dizer de especialistas que têm mais de uma dúzia de salas e centenas de alunos e passam fins de semana sacrificados, transcrevendo notas ou executando outras tarefas cansativas e repetitivas, mas indispensáveis? A simplificação da rotina docente, no entanto, é somente a mais elementar das razões para o emprego das tecnologias da informação no ensino.

Para o uso pedagógico, há diversos recursos também muito simples, que não exigem o acesso à internet em banda larga, e podem ser utilizados com grande vantagem. Basta se lembrar das centenas de DVDs de interesse artístico, científico, geográfico ou histórico. Custando menos do que um sanduíche cada um, eles poderiam constituir o acervo de videotecas em muitas escolas para o uso em sala de aula ou o empréstimo para alunos e professores. Se for difícil manter aparelhos eletrônicos como computadores e televisores em cada sala, há algumas alternativas, como materiais portáteis, de uso coletivo, desde que haja a consciência da necessidade ou do interesse, é claro!

Os sistemas de comunicação evoluem com extrema rapidez e essa dinâmica é parte da vertiginosa modernidade em que estamos imersos. Não podemos nos deslumbrar com essas novidades ou ficar apreensivos pelo perigo de que substituam nossa função de educar. Mas não devemos ignorar as possibilidades que eles abrem para aperfeiçoar nosso trabalho, como o acesso a sites de apoio e atualização pedagógica ou a programas interativos para alunos com dificuldades de aprendizagem.

Faltou mencionar a razão mais importante para os professores utilizarem essas tecnologias: seus alunos já fazem ou logo farão uso delas! Instrumentos de comunicação e lazer, elas são parte da vida dos jovens - e os que ainda não dispõem delas se ressentem dessa falta. Sempre que podem, disputam lugares em lanhouses existentes em praticamente todas as cidades brasileiras. Por isso, é provável que muitos dos seus alunos segurem o lápis com menos desenvoltura do que manuseiam um mouse, passem as tardes debatendo no MSN questões pessoais com amigos distantes e usem com mais frequência o código do correio eletrônico do que o CEP de sua casa.

Há escolas que montaram a famosa "sala de informática", mas a mantiveram fechada até que os equipamentos se tornaram obsoletos - também há quem proponha logo um notebook para cada aluno, o que talvez não se justifique, pois há notícias de progresso inexpressivo na qualidade do ensino em lugares onde esse investimento foi feito. É preciso saber disso para não alardear milagres tecnológicos, especialmente se desacompanhados de programas de formação, mas não se pode cobrar das escolas um bom desempenho se elas estiverem décadas atrás do que já se tornou trivial nas práticas sociais.
 É físico e educador da Universidade de São Paulo (USP).
 
Publicado em NOVA ESCOLA Edição 235, Setembro 2010. 
 

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Novas tecnologias exigem novos conteúdos

Para Ana Teresa Ralston, da Abril Educação, desafio do mercado editorial é criar livro didático 100% multimídia

Nathalia Goulart
Menina usa iPad em loja de Londres (Foto: Dan Kitwood/Getty Images)
O mercado editorial e as empresas de sistemas de ensino começam a se preparar para uma nova realidade: a do livro didático digital. Com dispositivos como laptops, e-books e iPads, um novo cenário se apresenta para a educação. E também novos desafios. “Novas tecnologias requerem novos conteúdos”, diz Ana Teresa Ralston, diretora da tecnologia de educação e formação de professores da Abril Educação - grupo que reúne editoras e sistemas de ensino e é controlado pela família Civita, que também é dona da editora Abril, que publica VEJA. Convidada a falar sobre o tema em um painel especial da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que se encerra neste domingo, a especialista, diz que ainda é preciso investir tempo e recursos para criar um livro didático 100% digital e multimídia. Confirma a seguir os principais trechos da entrevista.
O futuro do livro é incerto, mas o processo de digitalização já começou, com os e-books, iPads e outros dispositivos. Em relação às obras didáticas, o que é possível constatar?
É possível dizer que temos uma revolução escondida. Uma revolução que já começou, mas que escapa à nossa observação porque acontece no processo de produção do livro didático. Ao produzi-lo, já utilizamos todos os artefatos tecnológicos disponíveis. Porém, o que se analisa agora é quando isso estará presente na versão final do livro, ou seja, quando ele será completamente multimídia e virtual. Muitos estudiosos apontam que a educação levará mais tempo do que outras áreas para incorporar todas essas inovações.
Qual a razão dessa demora?
No meio educacional, as tecnologias demoraram mais a serem incorporadas, em virtude das mudanças que elas imprimem nos padrões, na formação dos educadores, na produção do material de apoio e na infraestrutura das escolas. Novas tecnologias requerem novos conteúdos, e, para isso, é preciso profissionais capacitados, preparados para produzir esse novos conteúdos. Além disso, o professor que irá usar essas ferramentas também precisa ser formado para a essa tarefa.
Então, o que ocorre nesse processo não é a simples digitalização do conteúdo impresso, mas, sim, a criação de novos conteúdos. 
É importante lembrar que, quando falamos desse processo, abordamos três elementos distintos: o livro didático impresso, o livro didático impresso digitalizado - e isso já fazemos - e o livro 100% virtual. Nesse último, o que ocorre não é a simples transferência do impresso para o digital. É uma outra comunicação, que acontece em outra mídias. E acho que esse é o grande desafio: a maneira como organizamos os conteúdos na mídia impressa é diferente da maneira como o fazemos na mídia digital.
Esse novo tipo de conteúdo, mais familiar aos alunos que já utilizam as tecnologias fora da sala de aula, pode alimentar o interesse dos estudantes pelo que se ensina nas escolas?
Quando trabalhamos com soluções digitais, procuramos entrar em sintonia com a linguagem do aluno. Mas essas soluções precisam ser utilizadas com orientação pedagógica para que sejam significativas. Caso contrário, viram só distração.
Como evitar que o livro didático digital seja uma armadilha?
Eu costumo dizer que o meio digital evidencia uma aula mal dada. Às vezes, temos uma aula que não foi a ideal, mas não há registros dela. Já com a tecnologia digital tudo fica registrado. Então, é preciso usá-la para enfatizar boas práticas, para ilustrar situações que não seriam possíveis de outra forma. A tecnologia é um recurso poderoso, viável e possível e não deve ser usado como enfeite. Para isso, é importante pensar quais recursos são relevantes para esse novo ambiente. Caso contrário, retira-se essa relação afetiva que temos com o papel e com a leitura sem adicionar nenhum ganho.
Quais podem ser os ganhos da adoção da tecnologia na educação?
São as possibilidades de interação, de animação, de ilustração, de relacionar os conteúdos e fazer pesquisas. Em disciplinas como química, física e biologia, por exemplo, é possível simular situações. O professor pode ainda trabalhar infográficos de tempos históricos e evoluções geológicas. Pode trabalhar com pesquisas imediatas dos assuntos que estão sendo trabalhados naquele momento. É possível estimular o aluno para a possibilidade de troca, de colaboração, de construção do conteúdo em conjunto. Esse tipo de habilidade e competência é uma demanda do mercado de trabalho. E se o aluno começar a vivenciar isso no mundo da escola, ele vai poder ter essa habilidade como algo natural no mundo do trabalho.
Quais as dificuldades envolvidas na criação de um livro didático multimídia?
Precisamos conceber um produto diferente, não apenas digitalizar o que já existe. Além disso, precisamos viabilizar o acesso a todas as escolas brasileiras, nos mais remotos lugares. Aí, temos o desafio da entrega – e também da produção. Hoje, apenas começamos a trabalhar com alguns componentes agregados, ou seja, a pensar conteúdos de forma integrada.
As empresas de sistemas de ensino já estão se preparando para essa nova realidade?
Já. A digitalização de livros e apostilas já existe. O que começamos a fazer agora é desenvolver o material integrado: o meio impresso e o meio digital. O esforço é na produção de conteúdos virtuais, cada vez mais relevantes, integrados e efetivos. Ainda não pensamos em um produto 100% digital porque pensamos antes no material impresso, e depois partimos para o virtual. Acredito que pensar a totalidade do produto no ambiente virtual seja o nosso próximo passo.
Alguns especialistas pregam o fim do livro tal como nós o conhecemos, enquanto outros defendem que, apesar dos avanços tecnológicos, ele jamais deixará de existir. Quais são suas previsões?
Acho que ainda é cedo para previsões. Contudo, é hora de pensar nas evoluções da integração das mídias e se preparar para elas. Particularmente, não acredito que teremos uma mídia só. Aposto em uma segmentação. Nós pensaremos sobre qual a melhor forma de transmitir cada conteúdo. Ainda temos gerações que possuem uma relação muito próxima com o livro e alguns conteúdos seguirão sendo consumidos na mídia impressa. O que talvez tenha mudado é que hoje avaliamos o conteúdo antes de consumi-lo. Então, baixamos um livro no Kindle, por exemplo, e, se gostamos da leitura, compramos a versão impressa.
Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/novas-tecnologias-exigem-novos-conteudos

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Tecnologia muda função de professor na sala de aula

Tecnologia muda função de professor na sala de aula

Por Guilherme Felitti, repórter do IDG Now!

Publicada em 03 de maio de 2007 às 07h00
Atualizada em 04 de junho de 2008 às 09h34

São Paulo - Pedagogos acreditam que, com tecnologia na sala de aula, papel do educador muda de detentor do conhecimento para guia das investigações dos alunos.

O cenário é clássico: o professor entra sério na classe, quebrando a bagunça dos alunos.
Com métodos formulados há séculos, e usados desde então, é do educador o papel de centro da aula: é ele que conduz a exposição de fatos, é para ele que os alunos se dirigem e é ele quem atesta se o estudante está preparado ou não.No século 21, esse papel está se transformando. A função do professor muda de detentor do conhecimento para guia das investigações dos alunos.

"De modo geral, crianças entendem que o professor representa muito mais do que é encontrado na internet ou no livro-texto", afirma a professora de novas tecnologias na educação do departamento de computação da PUC de São Paulo, Beth Almeida.

O termo "pedagogia" designa o método usado ao desenvolvimento educacional de jovens como um todo, passando conhecimentos por meios determinados pelos próprios educadores.

O que a tecnologia vem fazendo com a educação é aproximá-la do conceito de andragogia, onde quem determina o assunto é o professor, mas é o próprio aluno que decide os melhores caminhos a tomar.

"O novo professor tem que estar preparado para deixar de ser o que apenas fornece informações e trabalhar para ser um orientador, aquele que ajuda a selecionar informações e sabe fazer articulações", explica Beth.
Por mais que a internet traga milhões de referências sobre assuntos que o professor não domina, ele ainda é o profissional com experiência para indicar quais os caminhos deverão ser tomados.

"É obrigação do professor manter o senso de investigação do estudante. Seu diferencial não será mais o quanto pode ensinar, mas como se liga da melhor maneira os conhecimentos adquiridos", explica Ivone Sotelo, coordenadora de informática educacional do colégio Visconde de Porto Seguro.

Mas os alunos não param de surpreender. Trabalhos escolares exigidos em grupo estão começando a chegar para os professores em outras mídias que não o tradicional caderno.

O melhor exemplo é o vídeo: diversos projetos de matérias que vão de biologia e literatura são entregues no formato audiovisual, o que obriga o professor a dominar, no mínimo, serviços básicos de edição e reprodução.

"A popularização de câmeras e celulares está fazendo com que vídeos imperem nestes trabalhos", explica Cristiana Assumpção, coordenadora de tecnologia da educação do Bandeirantes.

Os professores que não dominam a tecnologia, então, devem ficar preocupados com este novo cenário?  "Quem tem que ficar preocupado, na verdade, é quem dá a mesma aula há mais de 40 anos e acha isto normal", resume a coordenadora de tecnologia educacional do Dante Alighieri, Valdenice Minatel.

Fonte: http://idgnow.uol.com.br/carreira/2007/04/30/idgnoticia.2007-04-30.4722945396/